Nega Lilu: maio 2013

, Por Nega Lilu

Maio é para os fortes

Ela é minha alma gêmea, a única amiga que eu amo e não peguei. Claro que tem gente que eu não peguei e que, nem por isso, deixa de ser amiga minha. Mas ela, nunca... nem na infância. Acho inclusive que nem vou pegar, porque a gente não se abraça direito.

Temos os mesmos gostos, acho que é isso. Por exemplo, agora estamos pegando a mesma menina, nós duas. Uma de cada vez. Mas a menina é uma só: uma safada!

Pois é, essa é uma fofoca que não te contei. Aliás, minha vida anda assim... cheia de fofocas. A vida não está nada fácil em maio.

A Marisa me inferniza. Ela apareceu de novo, em março, do nada, e me ocupou até abril. Isso não é justo. Marisa me bagunça toda, me paralisa. Embaçou todo o sentimento que estava rolando pela Karina. Eu estava apaixonada! E foi só ela se aproximar que tudo ficou nada a ver. Nada a ver. Não concordo com isso. Não aprovo.

Entendeu? Com a Karina foi bem interessante, porque quando percebi, eu tava gostando dela, e mais e mais. Uma coisa que cresceu na nossa convivência. Tava tão gostoso... As coisas estavam indo tão bem que decidi que agora não estou a fim de estar com quem eu precise pegar um avião pra poder beijar e ficar juntinha trancada até a hora de pegar um outro voo. E sentir saudade e ficar fritando no Whatsapp, porque o Skype boicota nosso relacionamento.

E ah! tem ele ali, que é um fofo. Aquele de costas pra gente, que vem já já me dar um abraço tão longo e um beijo carinhoso, cochichar no meu ouvido uma sacanagenzinha. A gente se achou faz um tempo, mas ainda não era a nossa hora. Agora não sei se é também, porque o que ele quer de mim é compromisso. Já disse a ele que não posso abandonar todo mundo assim, pra namorar. Mas ele não se convenceu ainda. Ai, a vida não está fácil não...

Eu me conheço bem. Exclusividade quem tem é só a Marisa. Mas com ela não quero mais nada, pelo menos até que ela apareça de novo pra mim. Não posso! Eu não posso! Porque quando estamos juntas tudo fica transformado, não tenho domínio de nada, não sou mais eu, fico absolutamente à deriva, dedico os meus pensamentos a ela, crio textos românticos. Marisaaaaaa, por que você faz isso comigo? Não posso amar tanto alguém que faz de mim uma pessoa inútil.

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A Fuga (performance)

NEGA LILU: Encontro performático A Fuga - Ponto.Paina (Ana Reis)

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A Fuga (performance)

A Fuga catalogada

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A Fuga (performance)

Performances e lançamento de catálogo encerram A Fuga

O super-homem no shopping center, Cleópatra e Amy Winehouse no supermercado, gente de pijamas na galeria de arte. O uso da fantasia no dia-a-dia, sem prejuízos de agenda, para provocar reflexão acerca das convenções e dos papeis sociais, orientou a série de performances A Fuga, realizada pelo Coletivo Esfinge, entre fevereiro de 2012 e março de 2013. O catálogo, com registro fotográfico das intervenções do grupo, será lançado amanhã (14 de março), às 20 horas, no Café Coreto, durante encontro performático, com participação de Ana Reis e Odailso Berté, ambos ligados à UFG.

Com apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e coordenado pela designer Lara Vaz, A Fuga mobilizou 39 pessoas convidadas e espontaneamente reunidas a partir de convite aberto, veiculado nas mídias sociais. Das performances realizadas, seis foram fotografadas por Lu Barcelos e uma delas contou com a colaboração da fotógrafa Layza Vascocelos, na Potrich Galeria.

Segundo Lara Vaz, o trabalho propõe um diálogo entre as Artes Visuais, no campo das performances, e o Design de Moda. Como todas as outras ações do Coletivo Esfinge, A Fuga também comenta, transforma e difunde o romance de ficção Sem Palavras, da jornalista Larissa Mundim, que será lançado ainda este semestre.

“A fantasia como um ato de invenção e intervenção, movido pelo desejo de poesia”, sintetiza a Designer. Lara Vaz lembra que o projeto surgiu a partir da conexão de ideias que estavam em curso no blog Nega Lilu (www.negalilu.com.br) e suas pesquisas para o mestrado em Design, pela Universidade Anhembi Morumbi de São Paulo.

Inicialmente, tudo tem a ver com fantasias de Nega & Lilu − personagens do livro Sem Palavras − se transformando em animais, emulando objetos para existirem e co-existirem em planos alternativos para o encontro secreto motivado pela paixão. “Esta foi a ideia originária deste conjunto de performances que, no diálogo com o Design, constituiu sua poética, refletindo também sobre a efemeridade e a instantaneidade, que são características das performances enquanto expressão contemporanea das Artes Visuais”, completa Larissa Mundim.

O catálogo que será lançado amanhã, além das fotos de cada uma das sete performances, traz ainda um artigo assinado por Lara Vaz intitulado “Fantasia caseira: incorporação espontânea de subjetividades” e depoimento de pessoas que participaram da Fuga: percepções diante do estranhamento do outro, reações ao se assumir “diferente” em público, sensações que impactaram na escolha da roupa que possibilitaria um escape de formatos impostos e consentidos pela Sociedade.

Encontro performático

O encerramento desta primeira etapa do projeto é também, de acordo com Lara Vaz, uma oportunidade de fortalecimento da performance enquanto expressão artística. Dessa forma, o programa de amanhã à noite tem como convidados, artistas ligados à Universidade Federal de Goiás, que levam seus trabalhos solo para intervenção no evento hospedado no Café Coreto.

A professora do curso de Licenciatura em Dança da UFG, Ana Reis, apresenta a performance Ponto.Paina que constrói poética se utilizando do vistoso fruto da paineira, árvore bastante comum no Cerrado, e papel branco picotado, colados com saliva em todo o corpo. ”O espelho redondo, possível ponte entre externo e interno, reflexo do ver-se e do preparar-se para ser visto, intercala figura e paisagem”, descreve a performer, que pesquisa a intervenção urbana e as poéticas do corpo, investigando os limiares entre a Dança Contemporânea e as Artes Visuais.

(MO)VENDO é o trabalho que o Doutorando em Arte e Cultura Visual pela UFG, Odailso Berté, propõe para provocar reflexão acerca dos “afetos que entrelaçam os atos de ver e se mover”. Coreógrafo e Mestre em Dança pela UFBA, ele traz diantes dos olhos da audiência imagens que articulam o corpo enquanto “mídia de si mesmo, de seu tempo, de sua cultura”.