O romance literário de
ficção Sem Palavras está pronto para
ser publicado, fechando o primeiro ciclo de trabalhos do Coletivo Esfinge, em
2013. Oficialmente, esta etapa de ações foi iniciada em 3 de janeiro de 2011, data de abertura do blog Nega Lilu, veículo de comunicação e espaço de produção literária que registra as atividades artísticas de divulgação da breve história romântica
de Nega e Lilu.
De lá pra cá, arrebanhamos
mais de 70 pessoas atuando em todo o mundo, nas diversas ações desenvolvidas nas artes visuais,
artes cênicas, audiovisual, música, literatura, todas criadas para comentar,
transformar e difundir Sem Palavras, por
meio do conto homônimo nele contido. A culminância desta etapa é o lançamento
do livro, com apoio da Lei Goyazes.
Antes disso, aguardam
fechamento o projeto Corpo Papel, ação de body art, que resultou em 21
corpos tatuados com fragmentos do conto Sem
Palavras. Este trabalho será finalizado com a exposição fotográfica de Lu
Barcelos, agendada para fevereiro, na Galeria Potrich, em Goiânia. Recente
pesquisa realizada pelo Observatório Pesquisa de Comportamento revela que
Corpo Papel é a atividade mais popular já realizada pelo Coletivo Esfinge.
Também espera conclusão a
ação performática A Fuga, que prevê mais três eventos e a publicação do livro
fotográfico, com artigos e entrevistas que registram a realização das sete
performances públicas que propõem perversão da pasteurização da rotina a partir
de intervenção no figurino, sem desvios de função ou prejuízo à agenda
cotidiana. A Fuga conta com a coordenação da designer de moda, Lara Vaz.
E falta pouco para encerrar
ainda a ação Mensagem na Garrafa, que instalou um circuito de intervenções por
23 cidades no mundo. Existe apenas um texto inédito, que deverá dialogar com as ruas de
Belém, no Pará. O conteúdo dos stickers
produzidos nesta ação trazem fragmentos do conto Sem Palavras, com caligrafia do artista Mateus Dutra, que dão ao texto o status de imagem. Antes mesmo que o circuito oficial fosse cumprido,
iniciou-se um giro paralelo da obra, ocupando outras capitais brasileiras e
território internacional. Neste final de ano, as meninas estão circulando por Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Tudo isso é missão, no horizonte de
2013, que é chão de fábrica para a produção do segundo romance literário de
ficção da jornalista Larissa Mundim, criadora das personagens Nega & Lilu. O novo livro é um projeto em fase de estudo e pesquisa, ele teve como primeiro balão de ensaio o Projeto Ordinário, que pensa e faz refletir sobre todas as
formas de amar.
Em nome do Coletivo
Esfinge, desejo a todos um Ano Novo novo!
Agradeço de coração pelo carinho recebido e
pelas experiências compartilhadas. Tá lindo!
Respeitando a política ambiental da cidade, a intervenção nas ruas de Nova York foi realizada pela cantora Nila Branco e pela produtora cultural Lorena Falanque por lugares que mereceram uma segunda visita depois de alguns anos.
Segundo elas, por ali, Nega & Lilu teriam passado várias vezes, teriam visto Frank Sinatra e A Bonequinha de Luxo e se sentiriam perfeitamente em casa.
O projeto Mensagem na Garrafa é uma ação do Coletivo Esfinge e, a partir da obra de Mateus Dutra, faz comentário, transforma e difunde a breve história romântica de Nega & Lilu, contada no romance literário de ficção Sem Palavras, escrito por Larissa Mundim.
O texto levado por Nila e Lorena a Nova York já dialogou com a capital texana, Houston, em abril de 2012. Para conhecer mais sobre a origem deste fragmento de texto de Sem Palavras, acesse o texto Lençois molhados.
Mais sobre a ação Mensagem na Garrafa e a sua relação com Nega Lilu.
Segundo elas, por ali, Nega & Lilu teriam passado várias vezes, teriam visto Frank Sinatra e A Bonequinha de Luxo e se sentiriam perfeitamente em casa.
O projeto Mensagem na Garrafa é uma ação do Coletivo Esfinge e, a partir da obra de Mateus Dutra, faz comentário, transforma e difunde a breve história romântica de Nega & Lilu, contada no romance literário de ficção Sem Palavras, escrito por Larissa Mundim.
O texto levado por Nila e Lorena a Nova York já dialogou com a capital texana, Houston, em abril de 2012. Para conhecer mais sobre a origem deste fragmento de texto de Sem Palavras, acesse o texto Lençois molhados.
Mais sobre a ação Mensagem na Garrafa e a sua relação com Nega Lilu.
Fotos: Nila Branco/Lorena Falanque |
Corpo Papel é a mais popular das oito ações do
Coletivo Esfinge, grupo de mais de 50 pessoas, que desenvolve atividades
artísticas a fim de comentar, transformar e difundir o romance literário de
ficção Sem Palavras, de Larissa Mundim.
A informação tem base na pesquisa realizada pelo
Observatório Pesquisa de Comportamento, coordenada pelo psicólogo Rui Melo, em
11 de novembro de 2012, durante apresentação da Nega Lilu Cia de Dança, no
Teatro Goiânia, em Goiânia.
A pesquisa também revela popularidade do espetáculo
de dança Nega Lilu e do blog Nega
Lilu, onde está disponível o conteúdo de Sem
Palavras e o registro do trabalho que vem sendo realizado no campo da Literatura,
Artes Visuais, Artes Cênicas, Música, Audiovisual, Design e Comunicação.
“Um dos dados qualitativos mais importantes trazidos
pela pesquisa é a confirmação de que as pessoas reconhecem a integração das
ações, entendendo, em diversos níveis, que elas têm a ver com ‘Nega Lilu’”,
analisa Rui Melo. Sendo assim, segundo o psicólogo, pode-se verificar a
existência do processo de construção da marca Nega Lilu, que, para o público, não
somente sintetiza todas as ações, mas representa o próprio Coletivo Esfinge.
Sem Palavras
Difundido principalmente por meio das mídias
sociais, o trabalho teve início com o blog Nega Lilu, em 3 de janeiro de 2011. Até
esta semana, com 843 postagens, o número de acessos ao site era de quase 55
mil, de acordo com a ferramenta estatística do Google, que faz monitoramento de
dados relativos à visitação.
Por meio do blog Nega Lilu, 75% dos entrevistados
afirmam ter tido acesso ao conto Sem
Palavras, que é parte do conteúdo do romance de mesmo nome. Para este
público, o que chama mais atenção no texto literário que conta a história
romântica de Nega e Lilu é a linguagem (44%) e as personagens (33%). Dentre os
que leram Sem Palavras no blog, 83%
confirmam que comprariam o livro, se ele estivesse disponível.
Sem Palavras
tem o apoio da Lei Goyazes e está em processo de captação de recursos, com
lançamento previsto para o primeiro semestre de 2013. “O livro é a culminância
desta etapa dos trabalhos. Todas as ações realizadas pelo Coletivo Esfinge
tiveram como objetivo a divulgação da história de Nega & Lilu, instigando à
leitura deste romance de ficção”, conta Larissa Mundim.
A pesquisa realizada pelo Observatório também traz
informações sobre o perfil socioeconômico do público consumidor de Nega Lilu. Esses
dados vão subsidiar a campanha publicitária de venda do livro e de outros
produtos da marca, por meio da Loja Nega Lilu,
entre outros pontos de comercialização.
Naquela noite de novembro, antes do espetáculo Nega Lilu subir ao palco do Teatro
Goiânia, o público também respondeu a uma pergunta encomendada pela autora:
O(a) Sr.(a) acha que Nega e Lilu devem ficar juntas no final da história? E 26%
disseram não.
Muitas das intervenções
do projeto Mensagem na Garrafa, realizado pelo Coletivo Esfinge até o momento
em 29 cidades de 14 países, foram registradas com uma câmera fotográfica
analógica muito especial e filme ultrasensível. A Holga 120 é da família das
LOMO, originárias da União Soviética e opera com baixa tecnologia impactando na
luminosidade, tonalidade, intensidade de cores, textura das fotos. VEJA ABAIXO.
Para esta ação de natureza
tão efêmera que tem como suporte a Cidade, entendemos que esse tipo de registro
fotográfico diferenciado agrega significância ao trabalho, porque fotografar
com uma LOMO é estar à mercê do acaso, à deriva, como uma Mensagem na Garrafa
que busca o encontro, a apreciação, subjugada pelas variáveis do tempo e do
espaço.
No projeto Mensagem na Garrafa, para além da proposta
de intervenção plástica na paisagem urbana e provocação do diálogo multicultural
com populações, o artista Mateus Dutra faz apropriação dos fragmentos do conto Sem Palavras, de Larissa Mundim, e traz
para esta obra literária propriedades capazes de ressignificar seu conteúdo à
medida que ele ganha status imagético.
Transformado em desenho, o texto tem sua matriz semiológica pervertida,
modificada, enriquecida.
O registro fotográfico, com a Holga ou com outro
equipamento, origina então um terceiro produto artístico lastreado pela
metalinguística, porque é concebido a partir do desenho que o artista criou
sobre fragmentos da obra literária, que é o ponto de partida criativo de toda
ação do Coletivo Esfinge, seja nas artes visuais, artes plásticas, audiovisual,
música.
O artista
Com traço marcante, solto, de estilo próprio,
especializado na apropriação de formas, Mateus Dutra transita entre o desenho,
a ilustração, as artes gráficas e as artes plásticas. Para isso, o artista se
utiliza de várias técnicas e linguagens como pintura com spray, tinta acrílica,
silkscreen, assim como canetas, marcadores, posters, stickers e afins.
LEIA mais sobre Mensagem na Garrafa.
Caracas/Venezuela. Foto: Larissa Mundim |
Brasília/DF. Foto: Larissa Mundim |
Brasília/DF. Foto: Larissa Mundim |
Monterrey/México. Foto: Larissa Mundim |
Londres/Inglaterra. Foto: Larissa Mundim |
Natal/RN. Foto: Guilherme Wohlgemuth |
O(a) Sr(a). acha que Nega e Lilu devem
ficar juntas no final da história?
A pergunta encerra o questionário aplicado
pela equipe de pesquisadores (foto) do Observatório Pesquisa de Comportamento, no dia
11 de novembro de 2012, em frente ao Teatro Goiânia, onde a Nega Lilu Cia de
Dança apresentou o espetáculo Nega Lilu,
comemorando 1 ano de fundação, sob a direção da bailarina e coreógrafa Valeska
Gonçalves e da escritora Larissa Mundim.
Sob a
coordenação de Rui Melo, a pesquisa revela para o Coletivo Esfinge dados
quantitativos e qualitativos que vão nortear estratégias futuras para o
trabalho que finaliza mais uma etapa, no primeiro
semestre de 2013, assim que for publicado o romance literário de ficção, Sem Palavras.
Além de caracterizar o público que
acompanha o projeto, a pesquisa deve trazer pistas sobre o entendimento das
pessoas acerca do universo de Nega e Lilu, que inspirou ações no campo das
artes visuais, artes cênicas, música, literatura e audiovisual.
Novidades para a semana que chega. Estou curiosa.
Foto: José Vilaça |
capa |
Doze escritores, blogueiros e
músicos letristas integram o grupo de autores do projeto Todo Dia é Poesia..., que tem como produto final uma agenda
permanente, com lançamento marcado para 4 de dezembro (terça), às 20 horas, na
FNAC do Shopping Flamboyant. A iniciativa é da Zabeiê — Economia Criativa e tem
como objetivo o estímulo à formação de leitores, a difusão de obras literária
produzidas em Goiás, bem como a sensibilização de público diverso, por meio do
contato com a Literatura no cotidiano. Todo
Dia é Poesia... conta com o apoio institucional da Lei Municipal de
Incentivo à Cultura, por meio da Secretaria Municipal de Cultural de Goiânia.
Cada dia do ano ganha a intervenção de um texto que
refletem sobre o amor, a saudade, o tempo, a infância, espiritualidade, entre
outros tantos temas próprios da humanidade. “O trabalho de curadoria dos textos
se orientou pela construção cuidadosa e contemporânea de um conjunto que reverbere
inquietações universais”, explica a musicista e produtora cultural da Zabeiê,
Lidiane Carolina.
Segundo ela, o projeto de fomento à leitura já
demonstra impacto positivo, a partir da reação aos posts diários dos textos, que vêm sendo feitos nas mídias sociais,
principalmente no Facebook. Os textos compartilhados em rede estão disponíveis
em www.fb.com/zabeiewww.fb.com/zabeie
e também em Vitrine de Música (www.vitrinedemusica.com/zabeie).
“Algumas pessoas podem pensar que poesia é algo
antigo, ultrapassado, o que é um engano óbvio, mas foi observando o potencial
de difusão de textos curtos é que resolvemos investir nessa ideia”, revela a
proprietária da Zabeiê. As autoras e autores convidados a participar do Todo Dia é Poesia... são: Bel Maia, Bibiana, Chico Aafa,
Christina Guedes, Cristiano Siqueira, Danielle do Carmo, Elizabeth Caldeira
Brito, Jossier Boleão, Larissa Mundim (autora do blog NEGA LILU), Lidiane Carolina, Nilton Rabello e Sabah
Moraes.
Ficha Técnica:
Curadoria:
Lidiane Carolina
Produção
executiva: Zabeiê – Economia Criativa
Projeto
gráfico: Paulo Batista
Revisão
de texto: Poliana Queiroz Borges
Formato:
115 x 160 mm
Papel:
Pólen Soft 80g/m² (miolo)
Supremo 300g/m² (capa)
Valor
promocional de lançamento: R$ 25,90
Vendas
e informações: www.zabeie.com
Uma
realização: Zabeiê – Economia Criativa
Na Vila Planalto, em Brasília, a professora Ivany Neiva realizou a intervenção Mensagem na Garrafa, utilizando o sticker produzido pelo artista Mateus Dutra, com o texto de Larissa Mundim, autora do conto Sem Palavras.
E para comentar a história da Vila Amaury, submersa nas águas do Lago Paranoá, ela realiza uma intervenção paralela, também uma Mensagem na Garrafa... no entanto, entregue com o texto transformado, a partir de reflexões sobre o impacto socioambiental na Cidade e a desocupação da área destinada à inundação, sob a perspectiva cultural. (Para contextualizar, leia A obra libertada)
A intervenção na Vila Planalto é mencionada no artigo "Você era minha": gestão de memórias da Vila, de Ivany Neiva, que você pode acessar aqui.
E para comentar a história da Vila Amaury, submersa nas águas do Lago Paranoá, ela realiza uma intervenção paralela, também uma Mensagem na Garrafa... no entanto, entregue com o texto transformado, a partir de reflexões sobre o impacto socioambiental na Cidade e a desocupação da área destinada à inundação, sob a perspectiva cultural. (Para contextualizar, leia A obra libertada)
Fotos: Ivany Neiva |
A intervenção na Vila Planalto é mencionada no artigo "Você era minha": gestão de memórias da Vila, de Ivany Neiva, que você pode acessar aqui.
Coisa linda é ver a obra
transformada. Eu sempre digo. O trabalho do Coletivo Esfinge foi, inclusive,
estimulado a partir deste entendimento.
Sendo assim, tendo o conto Sem Palavras como ponto de partida, criou-se
um espetáculo de Dança, um curta-metragem, vinte e um corpos foram tatuados com
fragmentos da obra, outros pedaços desse texto também já circularam por 14
países (25 cidades), quase 800 posts inspirados
já foram realizados no blog Nega Lilu... para citar alguns produtos artísticos que
comentam, transformam e difundem a breve história romântica de Nega & Lilu.
Considerando este tripé conceitual
de desenvolvimento do trabalho (comentar, transformar e difundir), uma dessas
intervenções mais surpreendentes foi, sem dúvida, a da professora Ivany Neiva. A
gente se conheceu no final do ano passado, por ocasião de um curso que
ministrei para Gestores Culturais, realizado pela Anthropos Cia de Artes, em
Brasília. Ao conhecer as artimanhas das meninas, case da minha apresentação, Ivany se colocou à disposição para
participar da ação Mensagem na Garrafa.
Esse momento chegou para ela no
início deste ano, passando pela área que um dia foi ocupada pela Vila Amaury, onde
ela sentiu o desejo de transformar com profundidade (e entenda-se aqui um
trocadilho... rs) a obra, no ato de intervenção que tanto comentou o impacto
socioambiental do Lago Paranoá sobre a Cidade, quanto difundiu uma história agora
de domínio daquela comunidade apenas, e de escafandristas.
Transcrevo abaixo o e-mail em que a
interventora me comunica a façanha que decide rumos mais livres para esta ação de street art.
Beijo, Ivany, querida!
a tal intervenção
para Nega Lilu <negalilu@gmail.com>
data 13 de janeiro de 2012 21:35
assunto a tal intervenção
enviado por terra.com.br
Oi, Larissa.
Hoje fui passear pela Vila Planalto e pela beira do Lago por lá, inclusive para ver onde seria bom fixar os adesivos.
Adesivossssss, porque fiz mais um...
Além daquele "Você era minha", surgiu outro — "Você é de muita gente".
Estou pensando em contar a história mais comprida no artigo final do Curso.*
Mas já te conto que pensei no "Você era minha" assim: "Você era minha vila, você era minha morada..." — pensando no que podem pensar os que moravam na Vila Amaury, aquela que está submersa pelo Lago.
E "Você é de muita gente" pode ser o pensamento de quem pensa que as ondas e o fluir das águas do Lago fazem a Vila, e tudo o que está por ali, ter virado de mais gente...
Abraços muitos, e felizes 2012!
* O artigo de Ivany Neiva será disponibilizado
pelo blog Nega Lilu, bem como as fotos da intervenção.
Brasília/DF. Intervenção e fotos: Larissa Mundim e Nina. |
Centro Cultural Renato Russo, W3 |
Ponte JK, no Lago Paranoá |
E fechando os trabalhos, ou abrindo porque a gente nunca sabe, no Beirute (109 Sul) |
O texto que dialoga com Brasília foi, originalmente, afixado na cidade de Frankfurt, na Alemanha. Na capital federal ele cumpre o papel de compor a circulação da intervenção num circuito alternativo.
Para conhecer mais sobre este fragmento do conto "Sem Palavras", acesse http://negalilu.blogspot.com.br/2011/04/passado-perfeito.html
E saiba mais sobre esta ação de street art que se chama Mensagem na Garrafa, executada a partir da obra de Mateus Dutra, sobre texto de Larissa Mundim, com a realização do Coletivo Esfinge: http://negalilu.blogspot.com.br/p/mensagem-na-garrafa_28.html
Sobre o peixe preso na
rede do arrastão
para
Brisa Marin <lilucajuina@gmail.com>
data
17 de novembro de 2012 09:48
assunto Sobre o peixe preso na rede do arrastão
enviado
por gmail.com
Minha
querida Brisa,
Em
breve nos encontraremos para a conversa que alinhava o bordado e serei ouvinte
atenta ao que você deseja falar sobre si, sobre mim e sobre nós. Espero por
este momento há algum tempo. E o meu jeito de esperar é diferente do seu... ele
tem uma boa dose de histeria e, vez ou outra, provoca emoções sufocantes e
esperneantes, remexendo tudo, construindo e destruindo, construindo e
destruindo, movimentando placas tectônicas, cristalizando plumas do dente de
leão expostas ao vento de San Sebastian.
Desde
janeiro de 2011, nos vimos bem pouco, mas sempre houve algum tipo de
conectividade. Nessas oportunidades, também não sei por que não foi possível
fechar o ciclo e, por vezes, fiquei tão confusa... muito à mercê da lógica de
seus assentamentos. Quis resolver sozinha, mas não consegui. Fiz várias
tentativas, de naturezas diversas: quântica, sexual, ritualística, artística. E
você não sai de mim.
Nem
por isso as coisas permanecem as mesmas aqui dentro, obviamente. O que sinto
por você vem sendo transformado, inicialmente muito afetado pela inanição e
pelo encharcamento, me conduzindo para a descoberta da vida como ela é, me
apresentando a vulnerabilidades. No entanto, estou bem. Saiba que não dói mais
como antes, mas abala e desorganiza. Meu coração anseia por definições, talvez
aquilo que você chama de traçado final.
Desde
que estivemos juntas pela última vez, tenho refletido sobre o que a convivência
com a depressão fez comigo. Quando o Coletivo começou a prestar serviços para o
seu escritório eu já não estava bem e me apaixonar por você foi como uma rota
de fuga. O meu reencontro com a tristeza foi arrasador, meu bem, ela atalhou e
me pegou de cheio.
Para
enfrentá-la, em janeiro de 2011, me ocupei da produção do livro que planejamos
juntas e dos desdobramentos que você conhece, vislumbrando dois caminhos: a
reedição de uma poderosa arma de sedução e uma jornada profissional ao fundo do
poço como direito de quem ama. Se a primeira opção fosse bem sucedida, eu e
você poderíamos ter uma segunda chance de fazer diferente; e se vingasse a
segunda, seria um fabuloso teste de valentia pagando alto preço para ir e vir
do inferno, tirando partido disso.
Nesse
vaivém sobrou pra todo mundo, pra você também, claro... e não vou falar
novamente sobre isso, porque é um assunto saturado. Não estou mais nessa fase,
ela calou aqui dentro à medida que eu escrevia o blog Nega Lilu, tentando
raciocinar, buscando rumos. Com este conteúdo desejo publicar meu segundo livro.
Sem
conseguir esgotar a pauta represada, te escrevo este e-mail bonito para chegar
até este ponto, o ponto do meu suspiro, porque ainda não compartilhei com você
o que trago de novo... que é a descoberta do erro.
Mais
do que um romance entre iguais, o que vivi com você também não foi a minha mais
eficiente tentativa de busca pela plenitude, como me pareceu num certo momento.
E aqui abro parênteses para dizer que sinto falta do seu beijo, que seu cheiro
é bem do jeito que eu gosto, que nossa conversa parece não ter fim, que te
compreendo e te apoiaria com todas as minhas forças, que você me faz uma pessoa
melhor... e veja se não tenho razões suficientes para apodrecer enroscada na
praia.
Agora
voltando ao assunto principal, tenho orgulho de compartilhar com você a minha
visão. É que entendi que a plenitude não se encontra no Amor, mas na
convivência saudável com o conjunto de sentimentos (bons e ruins) de grandeza
maior que compõem o Ser.
Não
foi fácil chegar até aqui, meu bem, pra descobrir que percorri tudo isso para me
posicionar no Princípio. E como sou valente e tenho tanto amor pra dar e
receber, sigo em busca da paz e da harmonia desse conteúdo derramativo que sou
eu, agora que compreendo a inevitabilidade dessa co-existência — a chave para o
entendimento da diversidade e da complexidade humana. Esta jornada eu pretendo
fazer acompanhada.
Beijo
grande, com gratidão e afeto inabaláveis.
Laura.
A ausência de saciedade
característica de Laura Passing era como um presságio de solidão. Pois se
sentia desabitada imediatamente após a saída de Brisa Marin do
escritório, do carro, da cama e, um tempo depois, daquele pensamento que
inaugura o dia. A verdade é que a Nega nunca se fartou de Lilu. Havia sempre a
fome, a convivência com a inanição e, entre trauma e sobrevida, nutria constante
desejo de sequestro consentido e escape fantástico.
Brisa correspondia e queria estar
junto, no entanto, para ela a fuga se consumava, diariamente, mesmo sem deslocamento
para a silenciosa alcova. E assim, acabava devorada, enquanto tomavam um chá, no
passeio pela cidade, em ligação telefônica matinal, no chat madrugada adentro, em
palavras sinceras sendo ditas rapidamente em todo lugar. Mas chegou o carnaval.
E foi para o Rio de Janeiro, a
cidade de inútil paisagem, a vigésima segunda mensagem na garrafa do circuito
original de intervenções urbanas que vêm sendo realizadas a partir da obra de
Mateus Dutra e Larissa Mundim, por cidades de todo o mundo. Confira aqui as
fotos do trabalho realizado pelo bailarino Andrey Alves, interventor da ação
que não inclui Pão de Açúcar, Cristo Redentor, Dois Irmãos, Praia de Ipanema...
Romeu e Julieta, A Bela e a Fera,
Alexandre e Heféstion, Frida e Diego, Lampião e Maria Bonita... Nega e Lilu.
Reais e fictícias, épicas e populares, estas e outras histórias compõem nosso
imaginário e traduzem diferentes formas de amar. “Sem Palavras”, escrito por
Larissa Mundim e que narra o romance de Nega e Lilu, é um conto amoroso
transformado e difundido pelas linguagens da literatura, cinema, body art,
street art, performance e dança. O espetáculo de dança contemporânea “Nega
Lilu” volta a ser apresentado no próximo domingo, 11 de novembro de 2012, às 20
horas no Teatro Goiânia. Misturando sutilezas e intensidades afetivas, este é
um trabalho artístico que impacta, comove e questiona acerca da busca da
plenitude do amor.
Com ousadia e sensibilidade, a coreógrafa e bailarina Valeska Gonçalves faz uma transposição do verbal ao gestual sem produzir caricaturas ou personagens estereotipados. Em vez de narrar linearmente o romance, a coreografia descarta obviedades captando e traduzindo sensações e estados das protagonistas. Estes sentimentos passeiam pelos corpos das dançarinas seduzindo e engajando o público a descobrir, encontrar, construir quem é Nega e quem é Lilu. As surpresas, emoções, tensões e reflexões geradas pelo espetáculo, criam uma atmosfera de diálogo entre arte e vivências, possibilitando que o espectador entrelace o conto e a dança com suas próprias experiências afetivas.
Os auges e tropeços, tão característicos nas relações amorosas, ganham visceralidade com a instigante interpretação das bailarinas Valeska Gonçalves e Flora Maria. Gestos detalhados e delicados acentuam a profundidade de pormenores que estabelecem a reciprocidade entre duas pessoas. A sonoridade de um sapateado flamenco entrecortado exacerba a lástima e, ao mesmo tempo, a fortaleza de uma mulher lidando com a ausência. A movimentação de um corpo em contato com uma banqueta sugere nuances de uma sensualidade feminina que se enuncia entre desejos e distância, escorregando dos fios de cabelo ao salto do sapato. São genialidades coreográficas que possibilitam ver a dança não apenas como algo sentimentalista, mas como uma inteligência do corpo que não separa sentir e pensar.
O espetáculo de dança “Nega Lilu” constrói corpografias a partir de um conto contemporâneo de Amor mediado por contatos físicos e virtuais, presenças e ausências. Na dança e no conto, os corpos escrevem uma história que vale cada instante e inscrevem no corpo do espectador a sensação de que o amor é eterno no tempo em que ele acontece. Estas escritas do/no corpo, ao passo que nos deixam sem palavras, também possibilitam a enunciação de mais de 100 palavras sobre amor, permanência, efemeridade, amadurecimento... Que tão bem descrevem os ciclos de vida de cada pessoa.
Odailso Berté é dançarino, coreógrafo, e pesquisador em dança contemporânea, Doutorando em Arte e Cultura Visual pela UFG, Mestre em Dança pela UFBA e Licenciado em Filosofia pela UPF.
Com ousadia e sensibilidade, a coreógrafa e bailarina Valeska Gonçalves faz uma transposição do verbal ao gestual sem produzir caricaturas ou personagens estereotipados. Em vez de narrar linearmente o romance, a coreografia descarta obviedades captando e traduzindo sensações e estados das protagonistas. Estes sentimentos passeiam pelos corpos das dançarinas seduzindo e engajando o público a descobrir, encontrar, construir quem é Nega e quem é Lilu. As surpresas, emoções, tensões e reflexões geradas pelo espetáculo, criam uma atmosfera de diálogo entre arte e vivências, possibilitando que o espectador entrelace o conto e a dança com suas próprias experiências afetivas.
Os auges e tropeços, tão característicos nas relações amorosas, ganham visceralidade com a instigante interpretação das bailarinas Valeska Gonçalves e Flora Maria. Gestos detalhados e delicados acentuam a profundidade de pormenores que estabelecem a reciprocidade entre duas pessoas. A sonoridade de um sapateado flamenco entrecortado exacerba a lástima e, ao mesmo tempo, a fortaleza de uma mulher lidando com a ausência. A movimentação de um corpo em contato com uma banqueta sugere nuances de uma sensualidade feminina que se enuncia entre desejos e distância, escorregando dos fios de cabelo ao salto do sapato. São genialidades coreográficas que possibilitam ver a dança não apenas como algo sentimentalista, mas como uma inteligência do corpo que não separa sentir e pensar.
O espetáculo de dança “Nega Lilu” constrói corpografias a partir de um conto contemporâneo de Amor mediado por contatos físicos e virtuais, presenças e ausências. Na dança e no conto, os corpos escrevem uma história que vale cada instante e inscrevem no corpo do espectador a sensação de que o amor é eterno no tempo em que ele acontece. Estas escritas do/no corpo, ao passo que nos deixam sem palavras, também possibilitam a enunciação de mais de 100 palavras sobre amor, permanência, efemeridade, amadurecimento... Que tão bem descrevem os ciclos de vida de cada pessoa.
Odailso Berté é dançarino, coreógrafo, e pesquisador em dança contemporânea, Doutorando em Arte e Cultura Visual pela UFG, Mestre em Dança pela UFBA e Licenciado em Filosofia pela UPF.
O Popular: 11 de novembro de 2011